segunda-feira, 10 de junho de 2013



Ela que não te amava
Teve contigo quatro filhos

Ela  não te amava
Viveu contigo trinta anos

Ela  não te amava
Perdeu contigo sua beleza

Queria mesmo era outro homem
Os filhos de outro homem
O amor de outro homem
Porque ela não te amava

Por isso
Nunca beijou tua boca
Com a fissura dos que amam
Nunca gozou na noite
Em que gemia

Nuca foi feliz
Apesar das crianças

 não te amou

Um só segundo

neste inverno de dois mil e seis
o sol nos trouxe
um calor de primavera
 izi cortou o cabelo

dessa luz de seus olhos
vi um oceano de vida
mas ela é mesmo assim

minha filha
com seu novo rosto
uma nova fotografia

revelada neste poema de memória

NAVIO


na aliança da água
evolução do corpo pesado
navio
cidade móvel de luzes

atlântico  sal e   ferro

move-se o continente
não ilha
não casa

alia-se a nova paisagem

 a vista da vigia
 claro amanhecer do dia
vivo de comer palavras
indubitável  as doces
 vermelhas de zarcão

não tenho vinho nos lábios
víboras de Gustav Klimt

o que  tento é invenção