quarta-feira, 15 de março de 2017

A GELADEIRA DE DEUS
O dia que eu virei um bolinho de carne
Eu nem me lembro
Talvez andasse pela rua
Talvez da janela de algum apartamento
Viesse um som
Do cinema transcendental de caetano veloso
E pá!
O som da vida na minha cara
Carne moída temperada
E virei um bolinho de carne

Agora sou assim
Um bolinho gourmet
Todo dia o prato servido
O riso o baixa cabeça
O ouro de tolo a febre terçã
Um projeto depois do outro
Do projeto do mundo das coisas
Acabaram todos e a casa
Acabadas soleiras treliças ideias

É muito sonho misturado melhor esquecer
Os vizinhos torturados preferem cachorros
A vida resolvida pedimos comida
Não há n gosto na dança na música
Na vida encastelada dos obesos
Dos insones da netflix
Viciados em sites pornôs

Eu bolinho de carne sem memória
observando os corredores
os hospitais públicos
Batendo palmas para corruptos
aproveitando  o março da promoção
dentro do espelho dos shoppings
dentro da janela do metrô
dentro da enorme e angustiante

geladeira de deus

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

desse jeito ela move os cabelos
assim dá para ver os olhos claros
e ri desinteressada
das notícias do jornal
ri das coisas que falam
não quer saber quem sou

o verão se completa em seu corpo
o sol dorme em seu cabelo
e eu não consigo te esquecer
simplesmente não consigo