sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Da série
embarcados

Como se aprisiona um rio para si
Não há moirões na água
Arame para circular uma cidade

Apenas um poço de nuvens
Engolidos nos mergulhos
Nas voltas infindáveis da geografia

Onde encontrar  o calor dos outonos
As sombras desvanecidas
A pouca cor dos trapiches adernados

Como amarrar um navio fosse um bicho
Segurá-lo na corrente contra  o  terral
Se a noite se esconde na luz do farol

Se a noite sussurra nas tralhas das redes
A solidão dos beliches sem ar
Da tinta envenenada manchada  de mar

Que se tome um banho de água doce
Para prender o rio sob a pele  do rosto
Se tirar das mãos as escamas das unhas

Para se prender o rio na memória do poema
Feito  um navio na geografia da cidade
É preciso inventar um mapa no coração




a gueixa no ikebukuro - compra burritos no 7 eleven - todos a observam - enquanto liga o microondas
pensando na eternidade
seu neni queria que vicente olhasse seu rosto

seu neto de três anos
depois de dez segundos corria para o sol

o velho  fazia isso
para que vicente nunca o esquecesse