quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Poema inacabado para Maria do Rocio

Poderia ter amado Maria do Rocio
Durante aquela hora em que ficamos nus
A teria amado enquanto se despia
E seus pelos mais íntimos
Se avermelhavam
Na luz do verão do nosso quarto
Fiquei com medo de Maria do Rocio
De seus dentes abertos de mulher mentirosa
Da paixão incendiária
Que por ela sentia
Fogo devorando o carbono
Para se revelar a cor
Dos cabelos rúbios
dos olhos azuis
A pele branca da mulher de 24 anos
A voz que sopra meu ouvido até hoje
A paixão dos beijos mais ferozes
Do gozo mais livre
Naquele corpo que a luz
Permitia olhar
Poderia ter amado Maria do Rocio
Andado pela Praça dos Leões de mãos dadas
Com ela pedia
Sendo mais que um menino para ela
Um mês ela se foi e eu não sei para onde
Nunca mais nada soube
Sobre o paradeiro de Maria do Rocio
Nunca mais o riso e os dentes separados
A luz de sua nudez em meu sótão
Foi bom ter esquecido aquele corpo
Foi bom nunca mais ter visto seus olhos
E seus cabelos e seu rosto e os pelos de seu braço
Seria desepero encontrá-la agora
Num site de buscas
Num sala de bate papo
Tão distantes daqueles dias sem fim
Do pouco dinheiro e muita esperança
Da paixão sem medidas que eu sentia
Por ela
E que ela sentia por mim
Talvez sem ter me dado conta
Tenhamos mesmo nos amado
Naquela hora em que ficamos nus
E nos abraçamos em pé e nos beijamos
Antes do amor

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